sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Enquanto isso, numa mesa de bar...

Podólatra 1: - eu curto um pezinho...
Podólatra 2: - pezinho é tri.
Anti-Podólatra: - eu não sei o que vocês veem num pé.
Podólatra 1: - ah, meu! Vai dizer que você não curte?
Anti-Podólatra: - cara, é só um pé. Qual é a graça num pé?
Podólatra 1: - qual a graça? Vou te dizer qual é a graça... assim que eu pedir mais uma cerveja... garçom! Mais uma!
Podólatra 2: - pé é uma coisa bonita, delicada.
Anti-Podólatra: - pra mim, pé é, sei lá, uma coisa que fica em contato com o chão. Uma coisa suja...
Podólatra 1: - não, meu!
Podólatra 2: - nada a ver!
Podólatra 1: - pelo pé é que se conhece a mulher... não adianta ela ser bonita e ter um pé feio, mal cuidado... o pé mostra a essência da pessoa. Pelo pé é que se sabe se a mulher é uma lady ou se é da roça.
Anti-Podólatra: - tá, então é isso, o fetiche é pelo pé bem cuidado, lisinho, unhas pintadas e tal...
Podólatra 1: - unhas pintadas, não.
Podólatra 2: - unhas pintadas é bagaceiro.
Podólatra 1: - unhas pintadas é bagaceiro. De vermelho então, nem se fala. Mulher de classe não pinta as unhas de vermelho. Deixa bem cuidada, mas não pinta. Pintar é coisa...
Podólatra 2: - é coisa assim, de mulher...
Podólatra 1: - simplesmente não é coisa de mulher direita. Mas como eu ia dizendo... como era, mesmo? Ah, sim, é pelo pé que se conhece a mulher. As extremidades, se bem cuidadas, dizem tudo. Pés lisinhos, mãos lisinhas... A mão também. Mãos lisinhas e delicadas, vai dizer que você não gosta?
Anti-Podólatra: - eu só não sei como tem gente que fica excitada vendo um pé... mão eu até entendo, tem a coisa do toque, é legal. Mas o que eu vou fazer com um pé? Lamber? Não é muito legal.
Podólatra 2: - como não? Só porque você tem essa frescura de que pé é coisa suja.
Anti-Podólatra: - e outra coisa. Homem também tem pé. Imaginem um homem com o pé pequeno e bem cuidado, igual ao de uma mulher. Vocês achariam sexy? Porque não tem diferença.
Podólatra 1: - tem sim! Pé de homem e de mulher é totalmente diferente! Pé de homem é nojento, peludo...
Anti-Podólatra: - tá, tira os pelos, então.
Podólatra 1: - mesmo assim, não é igual. Eu sei, eu já depilei meu pé. Dá pra ver que é pé de homem, com ou sem pelo.
Podólatra 2: - peraí, você depilou o pé?
Podólatra 1: - eu estava em casa de tarde, sem nada pra fazer... sabe como é.
Anti-Podólatra: - vocês falam como se eu fosse estranho, mas é normal não gostar de pé... não quer dizer que eu não tenha nenhum fetiche. Eu curto ruivas, por exemplo.
Podólatra 1: - ah, sim. Mas todo mundo curte ruivas.
Anti-Podólatra: - eu nunca fiquei com uma ruiva. Um dia ficarei. É o meu grande objetivo.
Podólatra 1: - eu também não.
Podólatra 2: - eu já.
Podólatra 1: - uau! Sério? E como é que foi?
Podólatra 2: - normal, até. Vocês conhecem ela. É a Michele.
Podólatra 1: - a Michele não é ruiva. É louro-escura.
Podólatra 2: - cala a boca. Ela é ruiva, sim.
Podólatra 1: - é nada. Louro-escura.
Podólatra 2: - sei. O cabelo dela é mais vermelho que esta parede.
Anti-Podólatra: - sempre me perguntei o que os daltônicos devem achar das ruivas. Acho que eles não devem ver graça nenhuma.
Podólatra 1: - até que ponto dá pra dizer que a mulher é ruiva e até que ponto ela vira louro-escura?
Anti-Podólatra: - sei lá. Ruiva é a que tem sardas...
Podólatra 1: - nããão... nada a ver, você está falando da ruiva-ferrugem. Não é esse tipo de ruiva que você gosta, é?
Anti-Podólatra: - pra mim, ruiva genuína tem cabelo vermelho, sardas e pele muito branca. Qualquer outro tipo é falsificação barata.
Podólatra 1: - e você? O que acha?
Podólatra 2: - acho que é uma questão muito delicada, essa do pé...
Anti-Podólatra: - cara, a gente já mudou de assunto. Faz tempo.
Podólatra 1: - estou descobrindo que você tem gostos estranhos... prefere mulher mais nova ou mais velha?
Anti-Podólatra 1: - eu? Ah, eu curto as mais velhas. Espera... defina velha.
Podólatra 1: - tipo, mais de vinte anos.
Anti-Podólatra: - você considera mulher de mais de vinte anos velha?
Podólatra 1: - sim, são mais velhas que nós. Espera aí, que tipo de velha você achava que eu estava falando?
Anti-Podólatra: - nada não. Deixa pra lá.
Podólatra 1: - hmm... tô sabendo dos teus fetiches... eu já curto uma mais novinha.
Podólatra 2: - eu também!
Podólatra 1: - é, né? Umas adolescentes mais crescidinhas...
Podólatra 2: - bah, eu curto mesmo são as pré-adolescentes.
Podólatra 1: - epa.
Anti-Podólatra: - como assim? Explique-se.
Podólatra 2: - hein? Ah, vai dizer que vocês não curtem?
Anti-Podólatra: - claro que não! Eca! Pré-adolescente, nem peito tem ainda...
Podólatra 2: - espera aí! Estamos falando da mesma coisa?
Podólatra 1: - sei lá, cara, eu acho meio doentio essa coisa de curtir menina de doze anos...
Podólatra 2: - quê? Nãããão! Que idade você considera que é pré-adolescente?
Podólatra 1: - como assim que eu considero? É dos onze aos treze. Está no ECA, eu acho.
Podólatra 2: - onze? Não mesmo! É a partir dos dezesseis, não é?
Anti-Podólatra: - claro que não! E a pessoa vira adolescente quando? Aos dezoito?
Podólatra 2: - eu estava me referindo a garotas de dezesseis anos... dezesseis tudo bem, né?
Podólatra 1: - é...
Anti-Podólatra: - desde que sejam bem desenvolvidas. Que susto, cara, não faz mais isso com a gente.
Podólatra 1: - imagina se alguém ouvisse isso o que você disse?
Podólatra 2: - tem razão, tem razão...
Anti-Podólatra: - que merda, a gente só falando besteira a noite toda... de que adianta? De que nos acrescenta?
Podólatra 1: - tá certo. O mundo não é só pés e ruivas e garotas de dezesseis anos...
Anti-Podólatra: - bem desenvolvidas.
Podólatra 1: - ...bem desenvolvidas, isso. Vamos mudar o assunto.
No bar, há uma televisão onde está sendo exibido um noticiário. Na tela, o presidente da França.
Anti-Podólatra: - é isso! Vamos falar de política mundial!
Podólatra 2: - isso!
Todos olham para a televisão. Silêncio. Então:
Podólatra 1: - do Sarkozy eu não sei, mas aquela Carla Bruni tem um pezinho...

Nenhum comentário:

Postar um comentário