terça-feira, 25 de agosto de 2009

Cartão vermelho

Briga no Senado hoje. Mais uma. Eduardo "O Juiz" Suplicy contra Heráclito "el Fuerte". Tudo por causa do cartão vermelho que Suplicy mostrou a Sarney, ou mostraria, se esse estivesse presente na câmara. Heráclito desafiou Sarney a mostrar o cartão também a Lula, um golpe que provocou a ira do adversário. A reação do senador foi feia: gritos e vociferações e o famoso movimento de apontar o dedo com ódio, como se o dedo pudesse vencer a distância e cutucar com força o inimigo. Por mais entretenimento que essas brigas possam proporcionar, eu preferiria pagar o pay-per-view e ver a luta-livre, e os senadores poderiam trabalhar, pra variar um pouco. O evento de hoje reforçou um dos meus pensamentos, que agora, dadas as atuais circunstâncias, virou uma certeza: é preciso dar cartão vermelho para todos os senadores. Até o próprio Suplicy. A instituição Senado como um todo. Peço o unicameralismo no Brasil. Chega de Senado.
Pensem bem: é o momento perfeito. O Senado em crise, com metade dos senadores não trabalhando porque seu chefe é o Sarney, a outra metade apoiando o Sarney, ou seja, quem trabalha não presta. Esse racha está atrasando o funcionamento do Legislativo e, consequentemente, do Brasil. O Senado está atrasando o país. Que se pode fazer, minha gente? Fechar a Casa! Não há outras soluções a vista. O bicameralismo não deu certo. Foi feito com a melhor das intenções, mas não funciona. Como o comunismo soviético. Ora, se os caras que votam as leis do meu país são aquelas pessoas gritando como animais entre si, então eu não quero que eles tenham esse direito. O Brasil poderia funcionar bem somente com a Câmara dos Deputados. Pensem no que iríamos economizar em salários exorbitantes. Pensem no que iríamos economizar em dinheiro que poderia ser desviado! E tempo, sem todas as brigas para ocupar o espaço que deveria ser destinado a decidir sobre o futuro. O nosso futuro. Os ganhos são muitos.
É por isso que eu sou a favor de um plebiscito a respeito. Unicameralismo: sim ou não? Estão nos devendo um plebiscito, já que o Fogaça nos prometeu um sobre o Pontal e no final não foi bem isso o que houve. Somos, afinal, uma nação democrática, e eu tenho certeza de que a minha opinião é compartilhada por mais brasileiros, senão a maioria deles. Mas, é claro, para um plebiscito desses ser realizado, teria que passar pelos senadores. E os senadores não iriam dar um tiro no próprio pé. Como destruir este câncer, então? Não sei. Enquanto isso não se resolve, ficamos brincando de mostrar cartões vermelhos, fingindo que estamos expulsando alguém. Quando na verdade quem está sendo expulso de algo é nós, da escolha do nosso futuro. Final piegas, eu sei. Mas é isso aí. Agora é esperar o mandato do Sarney acabar, já que de outro jeito ele não sai de lá.

Um comentário:

  1. Muito bom o texto, Giordano. Parabéns. Só uma ressalva: o final ficou meio piegas. Embora sejam divertidas, faça analogias com parcimônia.

    Ah, sim. Meus pêsames: www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u616492.shtml :^)

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