domingo, 9 de agosto de 2009

Beleza

Beleza é uma coisa efêmera. Poucos são ou serão bonitos, mas todos certamente serão feios, é só dar o tempo necessário. O tempo retira a beleza das pessoas. Ficamos velhos, rugosos, desposturados. Por mais que a pessoa se cuide e se preocupe com a sua aparência, não há como ser bonito aos setenta anos, do tipo que faz o sexo oposto ficar extasiado. Pode-se tentar preservar a beleza por mais tempo, mas o tempo acabará por nos descascar, com golpes lentos ou rápidos.
Alguns são da opinião de que certas pessoas acabam por ficar mais atraentes quando maduras. São as pessoas-vinho: são melhor apreciadas aos quarenta anos. Eu acho que o que acontece é que elas descobrem como ser belas mais tarde na vida, só isso. Se soubessem antes, seriam belas desde sempre. Sim, pois algumas pessoas podem aprender a ser bonitas.
Muitas vezes a feiura pode ser curada, ou ao menos remediada, com uma simples mudança no penteado. Pode acontecer o contrário: alguém que era cheio de beleza muda o corte de cabelo, e descobrimos que aquela pessoa era feia, o que escondia isso era o cabelo, mesmo. Eu sou da teoria que, para saber se uma mulher é verdadeiramente bonita ou não, é preciso imaginá-la careca: se ela continuar atraente, é beleza verdadeira. A Lady Gaga pode parecer apetitosa, mas imagine-a sem aquela vasta cabeleira dourada, e o que sobra é um narigão. Um corpo bem bonito, até, e um narigão.

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Outra teoria: rico só é feio se for feio mesmo. Rico pode comprar cosméticos, tratar o cabelo, a pele, se vestir bem. Não há desculpa para ser feio, só se não se preocupar com aparência mesmo. O contrário pode ser verdade: ao ver uma pessoa que não tem dinheiro para comprar nem ao menos xampu, se destacar no meio das outras, pode ter certeza de que você está vendo a verdadeira beleza, sem máscaras nem armações.

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O feio precisa existir para existir o bonito. Tanto que o Umberto Eco, após lançar o seu livro História da Beleza, fez o História da Feiura. Uma coisa acompanha a outra. Não há como somente uma existir. Se todos fôssemos lindos para os padrões de beleza atuais, ainda assim existiriam os mais e os menos bonitos, e os menos bonitos seriam considerados feios. Num mundo cheio de Alessandra Ambrósios, uma Penelope Cruz seria considerada feia, por mais linda que ela seja para os nossos padrões.
Falando em padrões, o bonito e o feio não são imutáveis. O conceito de belo mudou muitas vezes ao longo da história. Os gregos gostavam de mulheres com uma barriguinha saliente, talvez por dar a impressão de fartura, o que existe também entre tribos no interior da África. Reparem que a Afrodite era sempre meio gordinha nas suas representações. Cleópatra era supostamente muito bela, mas talvez hoje em dia ela fosse considerada uma baranga. Nem precisamos ir tão longe assim para uma mudança significativa: alguém consegue achar um daqueles penteados dos anos 80 atraente? Aqueles que parecem que mataram um poodle e colocaram na cabeça?
Mas, o mais importante, o conceito de beleza também varia de pessoa para pessoa. Tem gente que gosta de mulher alta, tem gente que não, tem gente que acha a Juliana Paes a mais linda do mundo e tem gente que não vê nada nela. Então, se você é feio, não se preocupe: em algum lugar do mundo, há alguém que acharia você irresistível. Certamente. Nem que seja numa tribo no interior da Àfrica.

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