"Hoje em dia todo mundo pode ter um blog. Difícil é ter o que dizer", disse o professor Juremir Machado da Silva para a sua turma de jornalismo, segunda passada. Ou algo parecido. É um bom ponto. Sem dúvida, tem que ter o que dizer. Vamos ser sinceros: ninguém mais está a fim de ler um blog-diário, um blog "essa é a minha vida e esse é o meu mundo." Era moda ter um blog assim quando o blog era uma novidade. Hoje o negócio saturou. O pior, quem faz isso é sempre - SEMPRE! - um depressivo, um cara frustrado, que precisa desabafar sua vida difícil para desconhecidos na internet. Os desconhecidos não têm interesse no blog, infelizmente. O número de acessos no contador não consegue nunca chegar aos 200. Os primeiros 100 foram colocados pelo blogueiro, é claro. Este aposenta o blog depois da segunda semana, mas não o tira do ar, mantendo o domínio do nome do blog ocupado. Às vezes é um nome bom que muita gente gostaria de usar para o seu blog mas não pode, não, ele já está ocupado, e por um cara que não escreve. Ah, esses ladrões de domínio...
Nada contra quem faz isso. É sério. É um tipo de terapia, escrever. Faz bem escrever sobre o que o está incomodando, deixar alguém ler, externalizar os problemas e tal. Eu apóio. Mas que ninguém tem saco de ler as queixas de um desconhecido é um fato. Principalmente porque não é algo original, não é algo instigante de ler. Sim, eu sei que a sua vida está uma droga, que o trabalho é entediante, que quem você gosta não gosta de você. É a mesma história de sempre. Cadê a originalidade? Se há uma necessidade de escrever isso, então é preciso procurar um jeito original de fazê-lo. Quem você é transparece pelo que você pensa. O desafio está na ideia. Em ter ideias, ter posições, ter conteúdo para falar. Ter o que falar. Se queixar de que não há nada de interessante na vida é a mesma coisa que fazer um blog dizendo "não há nada de interessante aqui." Tem que ter o que dizer. Algo que pouca gente disse, ou de uma forma que pouca gente diz. Uma ideia original.
Elas são raras, hoje em dia, as ideias. De vez em quando, uma aparece. Arisca, prestes a levantar voo e ir para outro lugar.
- Fique bem quieto!
- O que houve?
- Uma ideia! Está se aproximando. Ela é muito delicada. Cuidado para não assustá-la.
- Como assim? Não estou entendendo.
- Shh!!! Ah, viu? Ela fugiu.
- Hein?!
- Eu disse pra você ficar quieto.
Às vezes temos as ideias mais brilhantes e elas acabam fugindo de nós. É um momento de brilho que, se não aproveitado, se apaga e não volta mais. Hoje, conversando com alguns colegas, decidi comprar um bloco de notas. Vou carregá-lo sempre comigo. Assim, quando me vier uma ideia, uma frase, eu tenho onde rabiscá-la imediatamente. Já sei até o que escrever na primeira página: "O Fantástico Twitter em Papel: escreva e publique suas ideias instantaneamente!" Publicar, no caso, só pra mim. Mas enfim, é portátil, é barato e não precisa de conexão Wi-Fi.
As ideias que amadurecerem, que eu consiga construir uma posição para argumentar em cima, eu publico neste blog.
Legal, então... agora é só esperar até aparecer mais alguma para o próximo post.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
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